segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Nesse último FIQ nós conseguimos pegar o autógrafo do quadrinista Sávio. Ele é autista e tem dificuldade de comunicação verbal, mas isso não atrapalha em nada na hora de fazer gibis!
Eu estava bem curioso para ler. Da história da arte nós sabemos que "deficiências" não são um impeditivo na criação, pelo contrário, é só lembrar que Beethoven era surdo, Monet não enxergava direito, Van Gogh era esquizofrênico, e essas características acabaram se incorporando como estilo na arte deles.
Pois bem, com o Savio não tinha como ser diferente. Uma característica comum entre os autistas é que eles gostam de padrões regulares e repetitivos. Nós compramos dois gibis do Savio, e olha só, os dois partem da mesma premissa! Ambos são histórias sobre um par de meninos que acham dinheiro na rua, e resolvem fazer estrepulias com o dinheiro. Mas apesar da premissa igual, a história se desenvolve de maneira levemente diferente. Nesse ponto o trabalho do Savio me lembrou os quadros do Andy Warhol.
E a história não é simples, pelo contrário, ela tem indagações morais bem complexas. Os trapaceiros protagonista são retratados como anti-heróis, tendendo a vilões. Mas eles possuem um amigo que é bom e ordeiro, e graça da história é justamente o conflito interno desse amigo. Ele deve preservar a amizade mesmo quando seus amigos cometem atos ilegais? Se ele não participar do ilícito, mas também não contar para ninguém, ele é cúmplice por omissão?
Eu fico pensando que esse desenvolvimento da história deve ser um reflexo de como o ele vê o mundo. Aquelas pequenas transgressões sociais que todos nós fazemos devem ser gritantes para quem vê o mundo em binário. Todos nós devemos ser pequenos trapaceiros sob os olhos daquele personagem.
Durante o FIQ o Savio, além da sessão de autógrafos, também deu uma palestra de quase meia hora. Note que dar uma palestra já é difícil para a maioria das pessoas, para ele deve ter sido intensamente desgastante. Mas ainda assim, foi melhor que muita palestra que eu já vi! Ele não ficou lendo slides como boa parte das pessoas fazem, pelo contrário, ele tinha palavras-chaves no slide e desenvolvia o texto na hora a partir delas.
Fica aqui meus parabéns para o Savio e minha recomendação para todos comprarem os gibis dele.


domingo, 29 de novembro de 2015

Acabou agora mais um contest do codinggame, fechei em 35 global e primeiro brasileiro.

https://www.codingame.com/leaderboards/global/challenge/code-vs-zombies/25917060f87223d9e663378f192e4c1216da532

O jogo era fazer uma IA matadora de zumbis. Você tem um campo 2D onde tem um punhado de humanos estáticos e um punhado de zumbis de velocidade 400 que sempre andam na direção do humano mais próximo. Você controla um herói com velocidade 1000 e shotgun de alcance 2000, o objetivo é matar todos os zumbis de modo que sobre pelo menos um humano vivo.

Tinha 24h para codar, eu nem esquentei em fazer nada complicado, escrevi direto um monte carlo tree search. A parte bacana desse método é que ele escala com o número de simulações, então você está basicamente transformando otimização inteira em otimização de código (quanto mais rápido, mais iterações nos 100ms por round do jogo).

Se fosse 48h minha próxima otimização seria tirar fora o O(h*z) para calcular o zumbi mais próximo de cada humano, e trocar por uma BSP, aí esse mesmo check poderia ser feito em O(n lg n + z lg n).

O próximo contest é em fevereiro, é bem divertido, recomendo a todos :)

sábado, 28 de novembro de 2015

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Saiu na Science um paper sobre como treinar pombos para detectar cancer em imagens, com precisão igual à de um profissional da área e superior aos algoritmos no estado da arte:
Mas eles não foram os primeiros, o Google já usava pombos para fazer PigeonRank desde 2002 !

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Fallout 4 sem spoiler. Estou com umas 20h de jogo no xbox one, minhas impressões até agora:

- Estou jogando no Survival, o jogo fica imensamente divertido. Uma granada que pega em você é 1-hit kill e para matar um Super Mutant parrudo vai uns 100+ tiros de sniper. O jogo fica muito tático, você precisa planejar cada encontro. Não dá para maximizar uma armadura e uma arma só, tem que customizar pelo tipo de inimigo.

- Os gráficos são piores que o Witcher 3, até piores que o GTA V no 360. Mas não estraga a experiência, eles são bons o suficiente.

- Vamos ser honestos, a função dos companions é carregar coisas para você. Dos companions que eu achei até agora, o que consegue carregar mais coisas é cachorro. Eu só não sei onde ele guarda todos aqueles itens (e francamente, prefiro não saber).

- A parte minecraft, de ficar criando casinha, eu não estou usando muito. Mas a customização de armas e armaduras é bacana (e essencial, no survival).

- O pip-boy de android eu achei muito bacana, porém ele gasta muita bateria, e desconecta muito fácil. Eu jogo do lado do router então não é flutuação de sinal, é touperice de quem fez mesmo.



segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Quando criança eu sempre gostei de jogar Padeiro Maluco no MSX, talvez porque eu fosse viciado em game & watch e esse jogo é basicamente um game & watch com gráfico melhorado. (Talvez ser descendente de padeiros tenha influenciado também).

Mas eis que ontem eu fui jogar e notei alfo que não tinha visto antes. 30 anos jogando esse negócio, e eu nunca reparei que as máquinas tinham nome. Tem um nome em kanji logo abaixo de cada uma delas!

É claro que eu fiquei na nóia para traduzir. É claro que eu me dei mal. Essas coisas que parecem simples sempre são mais difíceis do que parecem! Os kanjis naquela resolução jurássica são praticamente ilegíveis, eu levei literalmente uma hora para conseguir entender o que estava escrito. As três máquinas são:

整型 - Modeladora
第二発酵 - Segunda Fermentação
焼き上がり - Forno

A Modeladora foi a pior de todas, porque eu não conseguia usar o google para me ajudar. Só depois eu fui entender o que deu errado. 整型 em japonês é "máquina modeladora", mas 整型 em chinês é "cirurgia plástica", e sem contexto o google retornava só o mais comum, que era o chinês.

Para tentar traduzir eu fui até atrás do manual original em japonês, e acabei descobrindo outra curiosidade: esse jogo é educativo! Os primeiros jogos da Konami são sempre associados com uma matéria de escola:

Antartic Adventure -> Geografia
Athletic Land -> Educação Física
Macaco Acadêmico -> Matemática
Hyper Sports -> Ciências
Padeiro Maluco -> Estudos Sociais

Os dois últimos são os menos óbvios. Estudos Sociais é uma matéria que não tem no Brasil, lá eles ensinam a criança o que você precisa saber para morar sozinho. As tarefas nessa aula incluem coisas diversas como economia doméstica e culinária, sendo que esse último é o que encaixa no jogo.

Hyper Sports é mais bizarro, imagino que está como ciência porque envolve um pouco de física para achar os ângulos certos para pular na piscina e tal; mas a impressão que me deu é que foi marretado mesmo. Meu chute é que a Konami deve ter pego dinheiro emprestado subsidiado com o governo e prometeu fazer jogos educativos em troca, aí teve que ficar achando desculpa educativa para jogos que já estavam planejados.


domingo, 1 de novembro de 2015

Finalmente eu tenho um autógrafo do Alan Moore! Esse é nível hard de conseguir, porque ele não vai mais em convenções e não autografa mais gibis. O truque é que de vez em quando ele brinca de roteirizar filmes, e os DVDs ele autografa.


Tive um sonho louco hoje.
Sonhei que ganhei um carrossel, desses grandões de parque de diversões mesmo. Mas ele veio desmontado. Aí eu pensei: esse negócio é todo mecânico, só o motor que é elétrico, não tem muito segredo para montar, eu mesmo faço.
Aí eu encaixei um dos cavalos, sentei, liguei, e o bicho começou a rodar igual doido, parecia centrífuga! Eu saí meio tonto e pensei "ah, deve trabalhar em torque constante, então se colocar carga menor fica mais rápido mesmo". Daí eu encaixei os outros cavalos e funcionou normal.
Eu não sabia que minha cabeça calculava torques enquanto eu dormia!