domingo, 7 de agosto de 2016

No desfile dos atletas a Ila Fox estava falando que deve ser emocionante ser um dos atletas que vai representar o seu país, aí disse "ah, eu sei mais ou menos qual é a sensação!".
Como assim?, ela perguntou. Veja, eu nunca fui na olimpíada de esporte, mas já fui na olimpíada de matemática! Foi na Olimpíada Brasileira em 1993, onde ganhei medalha de prata.
A parte do mais ou menos é que eu nunca representei o país de fato. Quem ganhava medalha na olimpíada brasileira era indicado para ir na Olimpíada Internacional, e de fato eles me chamaram.
Mas tinha um detalhe: a comissão organizadora não tinha dinheiro para pagar a minha passagem até Hong Kong, onde seria o evento! Como eu também não tinha dinheiro, acabei cedendo minha vaga para o próximo na fila.
Hoje em dia seria mais fácil, só ir num crowdfunding qualquer e fazer uma vaquinha. De fato, sempre que eu vejo algum aluno pedindo grana para ir em olimpíada eu faço questão de contribuir.
De curiosidade, eu resgatei do backup a prova original da época. Eu fechei essa prova, fiz todas as questões, mas peguei a medalha de prata no desempate. (Quem ganhou o ouro naquele ano foi o Douglas Cancherini).


quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Não sei se já mencionei, mas minha mãe costumava bater em mim para sair de casa. Olha só, eu tinha um microcomputador e uma biblioteca grande, sair de casa pra quê?
Claro que isso foi antes do Pokemon Go. Agora eu já saí de casa dois dias seguidos! A Ila Fox até achou que eu deveria escrever um diário, então aí vai:
DIA 1
Eu estava no Uber voltando pra casa quando o jogo saiu. Decidi que ia jantar fora e capturar pokemons no caminho, então peguei meu charmander starter e fui.
No restaurante mexicano já peguei um Poliwag. Os garçons juntaram todos em volta pra ver. Um deles até mencionou "tô ligado esse aí, vira Poliwhirl" (tava manjando mais que eu!)
Depois da janta fui até a igreja onde tinha um marcador, eu não sabia o que fazer com o marcador. Tinha um tiozinho na frente da igreja também. Nós trocamos uma idéia e descobrimos, tinha que girar o marcador, libera pokebola. Boa!
Tinha um marcador rosinha no mapa e resolvi ver o que era. No caminho, passei por uns cinco jogadores (e isso foi tipo uma hora depois do jogo ter lançado). Felizmente o bairro aqui é seguro para andar, o aluguel é caro mas pelo menos dá para caçar pokemon no sossego.
O marcador rosa eu descobri que era spawn de pokemon, alguém usou um item ou something. Tinha um Pinsir na frente de um restaurante coreano que eu nem sabia que existia (nota mental, voltar lá e ver se posso experimentar tô-mandu-ku).
Segui em outra direção, vi um Caterpie mas não conseguia clicar nele no jogo. Não ia de jeito nenhum. Achei que tinha tanta gente jogando que ou o server baleiou, ou a ERB da tim não deu conta de segurar tanto celular ligado.
Tinha um grupinho na esquina e resolvi perguntar se para eles funcionava. Um dos guris me explicou que às vezes acontece isso, tem que sair e entrar de novo no jogo. Testei e funcionou! Perguntei se os guris já se conheciam, nope, todos eles tinham se conhecido ali na esquina. Avisei que tinha um Pinsir três quarteirões pra baixo e eles foram lá contentes.
Terminei a ronda e voltei pra casa. Entrando no elevador eu vi um gurizinho saindo com celular na mão. Batata! Perguntei se ele tinha pego Pikachu, e ele disse que sim! Eu estava disposto a sair de novo se fosse pra pegar Pikachu, então perguntei onde que ele pegou. "Foi em Times Square", ele disse. - "Times Square, New York?" - "Isso!" - "Dammit, muito longe!"
Achei que tinha acabado pelo dia, mas dei sorte, tinha um Staryu no banheiro! Esse foi o último do dia.
DIA 2
Por motivos de força maior eu fui almoçar às 16h30 apenas. Já que ia sair, aproveitei para caçar. No caminho já vi um guri caçando pokemon de skate. Mano, eu tenho medo de deixar o celular cair enquanto estou andando, imagina andando de skate. Mas o guri tava de boa.
Na esquina, outro guri. "Pegou pikachu?", eu perguntei, e ele "já peguei, foi meu primeiro!". Como assim primeiro? "Quando você começa o jogo, se você fugir dos três iniciais aparece um Pikachu", ele respondeu, olhando com aquela cara de "adultos são burros mesmo".
Depois de mais meia dúzia de Pokemons, cheguei no nivel 5, agora posso ir em estádio! Fui em um aqui perto, na hora de escolher o time eu fiquei com dó e peguei o time vermelho. Nesse bairro ninguém vai escolher o time vermelho.
Continuei até uma praça onde tem dois pokestops juntos. Tinha uma galera ali, tipo mais de vinte guris. Todo mundo caçando pokemon quando eu olho pro lado e vejo um filhote de gato. Gato cinza, bonitão, sedoso, não resisti e capturei ele. Perguntei se era de algum dos vinte guris, ninguém reconheceu, então fui pra casa.
Chegando em casa, diagnóstico. Gata filhote, porém gordinha, mansa, sem medo de humanos, provavelmente fugiu de alguém. Nós a batizamos temporariamente de Vesicula. Side mission: achar o dono!
Ila e eu voltamos para a praça dos pokestops. Notamos que agora, além dos caçadores de pokemons, estava cheio de casais adolescentes. Deduzimos que falaram para os pais que iam caçar pokemon, espertos eles.
Batemos de porta em porta até que nos indicaram uma casa no fim de uma vila. Lá dentro tinha a dona Lindalva falando que a gata sumiu. Nós achamos, peraí que vamos trazer!
Voltamos para casa, colocamos a Vesicula em uma caixa de transporte, e a levamos até a dona Lindalva. Nesse meio tempo os filhos tinham chegado da escola. O menorzinho falou "olha a gata voltou!". Depois meteu uma bifa na gata e disse "não foge mais!". A Vesicula olhou pra mim com raiva e eu pensei "Desculpa Vesicula, eu não sabia".
Antes de ir para casa, passei na praça dos pokestops com a caixa de transporte vazia e anunciei pra galera "trouxe uma caixa para transportar os pokemons capturados!". Todo mundo riu. つづく