quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Novamente a brincadeira do artista, dessa vez o Girino Vey me indicou o Lacarmélio. Se você quer ganhar um artista, poste um comentário escrito MANDA.

O Lacarmélio faz parte do cenário artístico belo horizontino. Ao andar pela ruas da cidade, você sempre pode encontrá-lo numa esquina, com uma placa gigante anunciando "os gibis que ele mesmo faz". As histórias sempre envolvem o herói Celton explorando o folclore da cidade, usualmente explorando as lendas locais como a Loira do Bonfim e o Capeta do Vilarinho.

Em pelo menos um aspecto, ler o Celton é melhor que ler o Homem-Aranha: a geolocalização é muito mais familiar. Quando um nova iorquino está vendo o Homem-Aranha brigando com o Duende Verde em cima da ponte, ele reconhece naturalmente a ponte como sendo a ponte do Brooklyn, porque o habitante da cidade já passou por lá centenas de vezes. Já um leitor brasileiro não reconhece essa ponte com a mesma facilidade. 

Por outro lado, quando o Celton está atravessando uma ponte atrás de um motoboy em apuros, não é uma ponte qualquer, é o viaduto Santa Tereza, que todo belo horizontino conhece (se você já veio ao FIQ alguma vez, você também conhece).

Da mesma maneira, causou furor a história do Homem-Aranha encontrando o Obama em 2009. Mas o Celton já tinha encontrado o Aécio Neves e o Fernando Pimentel em 2007, no épico em duas partes "O Apocalipse de Belo Horizonte". Na trama, o traidor Joaquim Silvério dos Reis volta do inferno para ordenar que a capital de Minas volte a ser Ouro Preto. Enquanto o governador e o prefeito saem na porrada com diabretes do inferno, Celton volta no tempo para recrutar a ajuda do único herói capaz de vencer o vilão: Tiradentes.

O Lacarmélio também impressiona por ser um quadrinista totalmente independente. Os autores independente atuais costumam viabilizar suas obras usando crowdfunding no Catarse e stands em eventos como FIQ. Mas o Celton rejeita essa abordagem e aposta na venda direta nos faróis. E esse modelo de negócios funciona muito bem para ele, só com vendas de gibis ele conseguiu pagar o apartamento onde mora.

Mas, embora ele rejeite as abordagens de venda modernas, ele muito espertamente adota a análise baseada em Analytics. Em um dos seus primeiros gibis, Celton enfrentava uma sogra malvada. Ele recebeu diversas cartas de fãs dizendo que sogras também são gente e mereciam um tratamento melhor, então ele fez uma continuação onde Celton se alia a uma sogra boazinha.

Resultado: fracasso de vendas! A sogra malvada vendeu muito mais! Explorando os dados, ele construiu seu maior sucesso: O Combate da Sogra com o Capeta, onde a sogra morre, vai pro inferno, e briga com o Capeta porque nem ele a aguenta. As vendas estouraram, sendo o único número da revista com mais de dez reimpressões!


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