Ontem eu vi no netflix um documentário muito bom sobre a Bettie Page, narrado pela própria. Para mim a parte curiosa foi ver como a pior coisa na vida dela foi a religião, e a melhor coisa na vida dela foi a Playboy.
O que a gente conhece tradicionalmente da Bettie são os sete anos que ela atuou como modelo. Depois disso ela sumiu. Pois bem, o que aconteceu é que durante uma conversa com um pastor, ela perguntou se Deus iria perdoá-la por fazer fotos pelada, e ele respondeu que não tinha como ser pior que o apóstolo Paulo, que matava cristãos, mas se converteu e virou o maior de todos os pregadores.
Pois bem, aí a Bettie achou que a vocação secreta dela era ser missionária na África. Ela fez três anos de faculdade de teologia, e quando foi se inscrever para ser missionária, surpresa! Eles não aceitavam divorciadas! Beleza de double standard né, a gente perdoa assassino de cristão, mas divorciada é outro esquema, aí não rola.
O resultado é que ela surtou. Não um surtinho bobo, mas um SURTÃO. Ela tinha esquizofrenia paranóide, ouvia vozes, e em um dado momento a voz disse que a dona do apartamento que ela alugava estava possuída pelo demônio e tinha que ser morta. Ela não matou a velhinha, mas o estrago foi grande o suficiente para ficar dez anos na cadeia, e quando saiu foi viver de bolsa-família num asilo.
Mas enquanto ela estava na cadeia, a indústria de Bettie Page estava bombando. Tinha livro, gibi, estátua, etc. Um dos fãs conseguiu localizá-la, botou ela em contato com o Dave Stevens (autor do gibi do Rocketeer), e o Dave colocou ela em contato com o Hugh Hefner (criador da Playboy).
A reação dele foi "como assim a BETTIE PAGE tá num asilo gente?". Aí o Hugh contratou um advogado para ela, e nos anos finais ela teve uma vida confortável vivendo de royalty de uso das imagens.
O documentário é muito bom, vale a pena ver.
Olá!
ResponderExcluirEu estava pesquisando sobre o Prof. Pierluiggi Piazzi e acabe vindo parar no seu blog, que gostei bastante.
Com relação à Bettie, eu tenho a impressão que foi uma boa ela não ter sido missionária pois se a mera recusa na inscrição serviu de gatilho para a esquizofrenia paranóide dela, imagine então se ela já estivesse em plena África, provavelmente enfrentando dificuldades muito maiores e sem nenhum meio de ser tratada.
Era capaz de ela, em vez de parar na cadeia, ter sido morta.
Males aparentes que na verdade são benefícios disfarçados.
Abraço!